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O papel das fábricas de Inteligência Artificial no futuro tecnológico da Europa
2 Junho, 2025

A Comissão Europeia tem vindo a promover o conceito de “fábricas de IA” (Inteligência Artificial) há já algum tempo. O termo soa como um chavão político, claramente projetado para corresponder à nova onda em torno da IA. Mas o que é que isso significa? O que é que estas fábricas pretendem fazer?

 

No início, o termo levantou mais perguntas do que respostas. As fábricas de IA são locais físicos ou ecossistemas digitais? Quem é que os governa e que critérios devem ser preenchidos para fazer parte de um? Existe um processo formal de candidatura? Esses são pontos críticos para qualquer parte interessada em aproveitar essa infraestrutura emergente, sejam pesquisadores, empresas ou governos.

De acordo com a Comissão Europeia, uma fábrica de IA refere-se a uma instalação ou entidade que oferece uma infraestrutura de supercomputação adaptada especificamente para o desenvolvimento de IA. Esta inclui supercomputadores otimizados, centros de dados avançados, canais de acesso dedicados e serviços voltados para a IA. Mas, para além da configuração técnica, as fábricas de IA são concebidas como ambientes colaborativoslocais onde o talento e a experiência são reunidos para tirar pleno partido das capacidades de computação de alto desempenho da Europa.

Então, sim, as fábricas de IA são novas, mas possuem infraestruturas físicas e o seu propósito vai além do hardware. São concebidas para funcionar à escala nacional, combinando capacidade de computação, ambientes de dados seguros e plataformas de desenvolvimento, para apoiar as ambições da Europa em matéria de IA. Destinam-se a acelerar a transformação digital em vários setores, incluindo os cuidados de saúde, a indústria transformadora, os transportes e a agricultura.

A Empresa Comum Europeia para a Computação de Alto Desempenho (EuroHPC) desempenha um papel fundamental na concretização desta visão. A parceria entre a Comissão Europeia, a indústria e as organizações de investigação, ajuda a financiar em até 50% a infraestrutura, aquisição e operação de supercomputadores otimizados para IA. Mas, como será atribuído este financiamento daqui para a frente? Será suficiente para atrair interesse a longo prazo?

Em termos práticos, espera-se que as fábricas de IA formem ecossistemas dinâmicos em torno dos supercomputadores atuais e futuros da Europa. Esta iniciativa visa fornecer às startups a infraestrutura necessária para treinar modelos de IA e competir com (p.e.) os EUA, como a OpenAI. Estará a UE a ser demasiado ambiciosa?

Até à data, a participação dos Estados-Membros tem sido significativa. As 13 fábricas de IA já selecionadas serão implantadas em toda a Europa, na Áustria, Bulgária, Finlândia, França, Alemanha, Grécia, Itália, Luxemburgo, Polónia e Eslovénia. Espanha, Suécia.

Em abril, a presidente Ursula von der Leyen anunciou novas "gigafábricas", significativamente maiores, com o objetivo de proporcionar grandes avanços nos cuidados de saúde, biotecnologia, indústria, robótica e descobertas científicas. Enquanto as fábricas de IA de melhor desempenho, atualmente, usam supercomputadores com até 25 000 processadores avançados de IA, uma gigafábrica ultrapassaria os 100 000.

À medida que estas iniciativas tomam forma, subsiste uma questão fundamental: podem as fábricas de IA da UE tornarem-se motores duradouros de inovação, face à concorrência feroz por parte dos principais intervenientes exteriores à UE?

Só o tempo, e o envolvimento significativo das partes interessadas, o dirá.

 

Artigo de opinião por:

Talita Soares, EU Strategy & Policy Advisor

 

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