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Cidades Inteligentes: três passos para cidades que querem ser inteligentes à sua maneira
14 Julho, 2025

Todas as cidades querem ser inteligentes. Muitas delas, apenas porque fica bem ou porque compreendem que é um tema demasiado importante para ser ignorado. No entanto, a inteligência não é algo que se possa comprar. É algo que tem de ser desenvolvido, de forma contínua, com investimento a vários níveis e uma estratégia a longo prazo. 
 

Uma transformação profunda

O primeiro, e o mais importante passo, é aceitar que o caminho para ser uma cidade inteligente requer um processo de transformação profunda. Não é uma moda. Não é uma oportunidade para projetar uma imagem de modernidade, nem é algo que possa ser abordado de forma superficial ou apenas com pequenos pilotos experimentais. Sendo uma transformação estrutural, o conceito de cidade inteligente deve ser desenvolvido com base numa visão transformadora, um forte compromisso político ao longo de vários anos e uma grande capacidade de execução e gestão da mudança.

Uma agenda política

O segundo passo é compreender que a tecnologia abre muitas novas possibilidades, mas não define nenhum caminho único, nem indica quais poderão ser os caminhos mais adequados. Essas são escolhas que têm de ser feitas na esfera política, implicando um sentido de rumo e obrigando, frequentemente, a optar entre valores conflitantes. Uma determinada tecnologia pode ser muito benéfica para quase todos, mas potencialmente muito negativa para alguns, criando riscos de exclusão. Ou então, pode ser negativa para a sociedade em geral, mas muito benéfica apenas para alguns, levando-os a promover ativamente essa tecnologia. É por isso fundamental que cada cidade tenha uma estratégia própria, que permita articular opções políticas com possibilidades tecnológicas, e proporcione uma visão partilhada para o seu futuro numa sociedade fortemente digital.

Parcerias de longo prazo

O terceiro passo passa por encontrar os parceiros certos para o processo de mudança. A abrangência de áreas de conhecimento, a natureza avançada de muitas das tecnologias envolvidas e a necessidade de experiência em processos de inovação, são inevitáveis para que os Municípios possam encontrar soluções colaborativas que lhes permitam ultrapassar os muitos desafios envolvidos nesse processo de transição digital.

No entanto, desenvolver processos colaborativos acarreta sempre um custo inerente à dificuldade em encontrar os parceiros certos, assim como desenvolver o conhecimento e a confiança entre as partes e montar processos eficazes para dinamizar e conduzir a colaboração. As parcerias meramente circunstanciais, e inerentemente efémeras, fazem com que a relação custo-benefício nem sempre seja a mais adequada, quer pela falta de uma linha condutora, quer pelo esforço que é necessário desenvolver, de raiz, para cada nova iniciativa de colaboração.

Importa, por isso, procurar parcerias de longo prazo que proporcionem um modelo de colaboração regular, estratégico, consequente e estruturado, permitindo assim uma eficácia muito maior dos processos de colaboração. Essa continuidade permite agilizar as dinâmicas conjuntas, até porque há um conhecimento mútuo que se desenvolve e facilita, substancialmente, a definição e a execução de novas iniciativas. A continuidade permite, também, que exista uma colaboração na definição de uma visão de longo prazo e um maior alinhamento na sua execução.

Todas as cidades podem tornar-se cidades inteligentes, mas cada uma será inteligente à sua maneira. O CCG/ZGDV está preparado para ser um parceiro estratégico das cidades que decidam iniciar este caminho.
 

Artigo de opinião por: Rui José, Researcher in Mobile Computing and Communications (MCC)